“Somos uma família” – vestígios de loucura

Ora bem… há vários tipos de família, se quisermos ser rigorosos.

Há as famílias convencionais e conservadoras, que seguem um regime quase protocolar e, por isso, poderá não haver uma grande proximidade, no entanto também não há conflito.

Há famílias com uma ultra diversidade quer em número quer em personalidade que os Natais chegam a ser um ato de sacrifício com tantas discussões e pontos de vistas que alteram todo o humor da ocasião.

Há famílias cegas de amor – o que não é necessariamente bom – não havendo situações críticas, também não haverá grande noção de que alguém pode estar errado ou que mereça uma “chamadita” de atenção para evoluir – porque nesta família já são super evoluídos. Honras sejam feitas, este tipo de família defende-se indestrutivelmente, mesmo com vestígios de alucinação.

Há também famílias que, não sendo convencionais, discordando uns dos outros e, no limite, até evitando eventos em conjunto, até se curtem.

Agora… isto acontece numa família, num grupo de amigos – que são inevitavelmente a família que se escolheu… uma serie de coisas giras.

Este operador tem uma novidade e acredita-se que esta informação pode chocar muitas pessoas – chama-se à atenção para possíveis traumas – porque foi necessária uma dose de coragem… Cá vai: O vosso patrão, administrador, chefe, ou qualquer outra coisa que queiram chamar, não é vosso pai. Também não é Deus que castiga – e até esse é um querido nas mais variadas religiões.

Ninguém estava à espera, este operador sabe!

Maneiras que, à luz do século XXI, vivendo numa sociedade que deixou de ser feudal na Idade Média, podemos com o devido civismo e mesmo correndo o risco de concordarem ou discordarem dizer qualquer coisa como: “Essa ideia é muito boa, permite-me dar uma sugestão que creio ser um elemento de melhoria?”.

O pior que pode acontecer é a resposta ser: “Não!”

E depois os operadores desta vida podem ou não aceitar permanecer numa corporação que vai de acordo com os seus fundamentos ou não. Em princípio, não haverá julgamento em praça pública, não haverá pena de morte, não haverá castigos religiosos… No limite, é só uma troca de ideias. Não parecendo, é giro nos rodearmos de pessoas que nos façam exercitar a mente, desafiar-nos a ser melhores… essas coisas!

A não ser que se trabalhe “numa família”.

Mesmo com alguns exemplos de famílias que este operador deu acima, ainda há um outro que é estranhamente comum e estranhamente aceitável: aquelas “famílias” que nunca se viram, não se conhecem, andam de mãos dadas num escritório a gritar “somos uma equipa, uma família unida”, que não se suportam, que não geram lucro, que não aumentam produtividade, conformados mesmo em tenra idade, silenciosamente e cegamente obedientes, sem espirito critico, no entanto com um fascínio quase louco por um titulo de “Head of Global Cenas Cenas Cenas” ou “Manager do Caraças” ou “Diretor de tudo e tudo” – sim porque nestas “famílias” a não ser em chão de fábrica todos são “manager” ou “diretores” de alguma coisa – e em nada se reflete na compensação ao final do mês. Que em abono da verdade também não o merecem, porque apesar dos títulos fascinantes em estrangeiro, não assumem responsabilidade nenhuma que não seja obediência cega.

Então, este operador observou que é uma “família” em regime feudal, com um distanciamento abismal entre os que tem títulos em estrangeiro, as pessoas que trabalham diretamente na indústria em máquinas e acima disso tudo, os “senhores” quase considerados “pais”, supremos líderes que jamais poderão ser questionados.

Este operador não consegue não se recordar de um país lá longe, que em público, todos consideram obsceno, mas, no entanto, na primeira oportunidade fazem mini países feudais que lhe chamam “uma família”!

Este operador teve a honra de presenciar uma “família” que foi criada por um casal que já faleceu. Um império deslumbrante, enorme e quase imensurável. Genial a forma como geriram e fizeram prosperar o seu sonho.

Este sonho incluía serem uma “família” unida no propósito de fazer evoluir o que criaram. Este operador tem genuinamente admiração por esta união que estes senhores sonharam.

É possível que este casal visionário esteja, aos dias de hoje olhando de cima para baixo no seu lugar no Céu pensando, “mas não foi bem isto que eu disse”.

A pequenez de quem continuou a gerir foi tanta, que ao invés de lutar pelo sonho, impuseram as fotos dos senhores falecidos em cada escritório, honras fúnebres todos os anos, memoriais atrás de memoriais em honra dos falecidos. Uma salva de palmas em certos momentos do dia e… ai de quem não faça… uma blasfémia!

Mmmmm… Será que era esta “família” que os criadores queriam? Ou a união no propósito?

Este operador tem ainda outra informação perturbante: se chegaram ao Pingo Doce e na hora do pagamento disserem “Sou Head of Global do não-sei-quê e trabalho para o Senhor Doutor”, nem ninguém sabe o que é o “Head of não-sei-quê” e o “Senhor Doutor” só é importante para este ser, nem vai pagar a conta.

Ahhh e não é pai de ninguém a não ser dos filhos dele e muito possivelmente o “Senhor Doutor” nem sabe que o “Head of Global não sei quê” trabalha na empresa dele que é como “uma família”.

No final do dia, não são bem os senhores feudais que alimentam isto… são também os fascinados com coisa nenhuma, iludidos com uma compensação fácil…

Por um mundo melhor!

Operador Um.

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