Sim sim, concordo! – a história dos Migueis e das Filipas do Office

Era uma vez um espaço profissional de Migueis e Filipas – vá, não comecem, este operador tinha de escolher nomes e foi a uns simplesinhos. Usualmente – usam “usualmente” e outros advérbios de modo a expressarem circunstâncias que ocorrem com frequência  -, reforçam sempre a ideia de que o seu superior hierárquico é incrível, extremamente bonito e encantador, com um discurso cativante e que cada manifestação de raciocínio que faz (até mesmo “penso que esta ideia de skis nas escolas em Africa é genial”) é digno de um Nobel ou, no mínimo, uma distinção nacional, e que injustamente não é mencionado na revista Exame de quando em vez… super injusto!

Aos Migueis e às Filipas, juntam-se outros membros cujos nomes não são verdadeiramente importantes… nem mesmo eles sabem. Se é informação a mais, eles não ocupam o seu cérebro com algo desnecessário. O importante é que haja uma coreografia executiva de concordância com o espírito de equipa… e espírito de equipa há… muito… bué… mas é de uma união quase de sonhos, uma família. Ora vai que acordam juntos, tomam o pequeno-almoço juntos, riem-se juntos (não sorriem que isso é pouquechinho), almoçam juntos, vão fazer xixi juntos… onde acaba a vida profissional e começa a vida pessoal, nunca ninguém saberá!

Em pleno seculo XXI tem de se admirar o admirável. Em tempos de revoltas, reformas, uma tendência para criticar tudo… estes génios do savoir faire conseguem a proeza de concordar com tudo o que lhe é dito, por mais inútil que seja a ideia ou com progresso avesso. Tudo isto com um sorriso nos lábios, chavões de anuência e, em alguns casos, uma dança de felicidade. Isto é incrível!

Este operador tem de admitir que achava isto pouco possível e até sente uma certa invejazinha, porque de facto é de uma destreza fora do comum! Porque ou é genialmente incrível de uma inteligência emocional de louvar ou é de uma ignorância e insipiência que faltam a este operador palavras para concluir a frase.

Qualquer uma das hipóteses é impressionante!

E isto resulta num aumento de confiança muito fixe – “fixe” é a palavra certa – porque mesmo não sendo verdadeiramente capazes, os Migueis as Filipas, sentem que o são. Quando não se sabe praticamente nada sobre algo, fica fácil cair na ilusão de que se conhece muito sobre aquilo porque não se deparam com a complexidade real do assunto

Eles é conversas pseudo teóricas, académico-filantrópicas, sobre o Estado da Nação, eles é de uma cultura acima da média, eles é comunicação, eles é fotografia, eles é gestão, eles é tudo… e tudo significa ser “tudo” com risadas altas, com “somos uma equipa”, com um “ui tu não existes”, com um “ai tens de vir”…

Chamariam um profissional que “saiba” mais que eles para ajudar? Este operador até colocou o “saber” entre aspas, convínhamos, não há quem saiba mais e eles juntos sabem disso e defendem-se porque “bolas, devíamos trabalhar juntos sempre”.

Este operador termina apenas com fato de pessoas com menos conhecimento tenderem a ser mais confiantes na área não é uma questão de caráter ou de ego, e sim uma tendência cognitiva.

A par disso, inteligentemente concordam, dizem que sim, sempre a quem sabe que adora “sim”. Porque após um “sim” o que vier será bom!

Operador Um.

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