O Rei vai Nu de Saltos

Andava este Operador sossegado da vida e um senhor com uma empresa e com um super carro (este Operador não entende nada de carros, mas dizem aqueles que percebem, que era um carro daqueles que se paga muito dinheiro) liga-lhe a meio da sua aula a dizer:

“Quer começar na segunda-feira?”

Com uns projetos a andar e tinha uma vaga, este Operador aceita… meio às escuras… e vai para uma empresa duas “vezitas” por semana perceber porque é que um determinado departamento não funcionava bem e em que medida este podia ser melhorado. 

Até aqui, normal! 

Mas este Operador, já meio calejado da vida pensou “Primeiro deixa apalpar aqui o terreno porque já me enganei uma data de vezes” 

No primeiro dia, este Operador ouviu a versão do senhor que estava muito descontente com o seu sector. 

Ui como ele estava… Uma porque uma dava de mamar ao filho com um ano e meio e isso afetava o cérebro, outra porque teve uma depressão em Dezembro e não faz nada direito, outra que na festa de Natal bebeu muito e comportou-se mal “ até pôs o puto de lado para ir beber uns copos, está a ver o tipo de mulher não está?”, outra porque não quer saber e faz da amiga gato-sapato e não dá cinco minutos à casa… e o departamento está todo uma desordem!”

Este Operador sugeriu que se analisasse a situação. Francamente, pensando que iria entrar numa espécie de Cooperação para O Desenvolvimento e que as pessoas tinham realmente problemas sérios.

Este Operador tentou o mais rápido possível ganhar confiança – demorou duas idas aos seus postos de trabalho! Depois na segunda semana como havia um “vigia” atrás deste Operador que mexia e remexia nos seus papéis, que fruto da sua juventude achou que este Operador não via, a decisão foi a simples: uma mudança de secretária ficando ainda mais perto do departamento em causa.

Era um jovem muito curioso e muito autodidata. Aliás, tinha alguma resistência em tirar o curso de Gestão porque os professores desse curso andam de Nissan e já se vê que não sabem gerir. E com toda a razão, não é? Então iam lá ensinar alguém que já sabe? 

O rapaz acabou por descobrir que tinha carta branca para vasculhar os computadores e WhatsApps das funcionárias e ainda mexer nos papéis de uma pessoa externa. 

Tudo dentro da lei!

Quando o jovem foi confrontado sobre sua conduta, o super-boss defendeu-o, alegando que, se os objetos estavam dentro da empresa, eram propriedade da empresa e, portanto, o rapaz tinha todo o direito de mexer neles. 

Não é óbvio? 

Agora, imagine-se três meninas, a trabalhar num departamento pequeno, com pouca luz e muita pressão. O patrão é um sujeito que tem muita dificuldade em falar num tom moderado – vai que é uma doença e não se sabe –  quanto mais alto ele falar, mais eficiente ele será.

Mas tem um mega carro… são detalhes que não parecendo dão todo um estatuto, certo? 

As meninas tentam concentrar-se nos seus trabalhos, mas há um ruído de fundo acima da média. Os restantes trabalhadores parecem viver bem com isso… Há duas hipóteses: Ou sofrem do mesmo mal de surdez ou sofrem de alguma insuficiência cognitiva

Ainda que exista uma terceira hipótese que é de aquele pavilhão ainda não ter apanhado o autocarro para o século XXI, e toda a gente sabe que quando os transportes se atrasam é um Deus me Livre, né?

Este Operador que tem a língua mais rápida que os dedos para artigos de um blog, analisou e evidentemente que as fragilidades do departamento iam muito para além “das incompetentes de merda das funcionárias” segundo o senhor do carro grande. 

Vai que este Operador foi tentando dizer em seis dias que por lá andou… e vai que o senhor não gostou! 

Este Operador disse de várias maneiras: ora de frente, ora escrito (mas depois descobriu que não tem escolaridade para ler), ora com atitudes de limpar o seu showroom numa mensagem subliminar de “Hey… se calhar começamos por nos organizar antes de exigir aos outros”. 

Como, coitado, devido àquele problema que tem de surdez crônica já para não falar dos atrasos do autocarro, depois de seis dias o senhor ficou irado colocando em causa os anos de experiência deste Operador e por telefone acaba o serviço (calcula este Operador em frente às pobres meninas, porque só assim se revela um poder de uma empresa com cerca de 750 funcionários).

Brincadeira, era “pesquenina” a empresa, jeitosinha mas pequenina… vá fazia o serviço, o tamanho toda a gente sabe que não conta.

Mas atenção, tem um carro grande e vendia para senhoras estrangeiras que este Operador desconfia que será por ter andado por ali que tinham um discurso de e cite-se:

“Há uma brincadeira gira que nós internacionais que vivemos no Porto dizemos que se queres bom trabalho vai para a América se queres uma boa experiência vai a Portugal. Porque está muito atrasado, mas é isso que faz deste país tão especial” 

Mas era estrangeira e toda a gente sabe que os estrangeiros são mais fixes e pedem boleia a senhores com carros grandes. 

Operador Um. 

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