As inscrições quando abrem para o passeio da paróquia não tem idade, qualquer um pode ir. Aliás, o Sr. Padre farta-se de dizer isso na missa.
Por tendência, talvez fruto da disponibilidade ou quem sabe por já terem ido a noutras circunstancias e agora vão variar – por muitas razões – a média de idades não é jovem (vamos dizer assim, simpaticamente). Vai gente de todas as idades, este operador já viu. A sério que sim! Dos vinte aos noventa, quem sabe dos sete aos cem. Mas… há ali uma tendência para se cruzar com a idade da reforma… não é sempre, este operador sabe que não. Mas… vai que a coisa se inclina para essa faixa etária.
Este ano é a Fátima. O ano passado havia um pouco mais de orçamento e ao que parece aquele senhor que é dono daquela fábrica ao pé da igreja ajudou, então passeio foi a Lourdes, na França. Mas pronto, não pode ser todos os anos para o estrangeiro e as pessoas também gostam muito de ir Fátima.
O Sr. Armindo, o Sr. Fausto, o Sr. Manuel e o Sr. José tiveram aquele azar na vida muito cedo e lá se vão apoiando uns nos outros: parece que enviuvaram cedo… uma desgraça. Ninguém diga que está bem! Por norma, aproveitam este passeiozinho para irem arejar e até foi num deles que se conheceram e desde então que são companhia uns dos outros. Eles gostam muito destes convívios. Mas desde que a Lúcia começou a ir, os olhos parece que se riem… ai não!
A Lúcia sempre foi muito ligada à paróquia. É muito boa rapariga! Vai se envolvendo nas atividades… é novita a cachopa! Dá catequese à quarta-classe… Um dia pediu para dar à sexta-classe porque gostava de organizar a comunhão solene, mas o pedido foi lhe negado. Ela gosta dos miúdos. No mês de Maria lá organiza o tapete no adro da igreja, ao sábado está nos grupos de jovens… Porque ela parece paradinha, mas ela gosta de atividade. Ela tem uns quarenta anitos, mas os jovens gostam muito dela. De há uns anos para cá só é chato porque a rapariga tem aos quatro e cinco casamentos por ano e todos aqueles preparos deixam-na sem tempo para outras coisas que ela também gosta: os passeiozinhos a pé, tem uma loja online de brincos com rendinhas (são muito bonitos).
E QUELARO que no passeio da paróquia ela tem um papel de destaque. Está envolvida em tudo e não se ia envolver nisto? Até lhe pediram e tudo…
“Lúcia, se tu não vens olha que nem vale a pena este passeio!”
Não estavam a falar a sério… até foi um comentário de cortesia… oh, mas rapariga acredita e só os olhos felizes dela já valem a pena!
Para o Sr. Armindo, o Sr. Fausto, o Sr. Manuel e o Sr. José é uma alegria, porque a Lúcia disponibiliza-se sempre para lhes fazer a merenda. Assim como assim, estão sozinhos… eles desenrascam-se, não vamos mentir, mas nunca era tão organizadinho como a Lúcia faz. Porque ela leva as caixinhas todas divididas, com guardanapos de papel, leva um guardanapo de pano para o Sr. Fausto (que ele diz que não gosta de papel) … enfim, quem a levar vai ter muita sorte.
Como este ano é a Fátima, não têm que sair tão cedo como foi o ano passo quando foram para o estrangeiro. E conversa vai conversa vem, os dotes da Lúcia para a merenda foram-se espalhando, particularmente aqueles sumarentos rissóis de carne.
Nem é tarde nem é cedo, o Sr. Manuel, de tanto apreço que tem pela cachopa sugeriu que convidassem a Lúcia para fazer os rissóis para o dia. Cá entre nós o Sr. Manuel tem um olhinho na Lúcia, ele pensa que disfarça, mas vai lhe saindo publicamente frases com elogios, vai chamando o seu grupo para alinhar nas coisinhas da rapariga… eles gostam dela, mas evitavam aquela parte… pronto, como dizer… ela também é chatinha e eles são viúvos, vão comprar os brincos com rendinha para quem? Nem sabem comprar online… Mas lá alinham e os rissóis valem a pena.
Este operador não sabe como vai correr o passeio paroquial. Mas uma coisa é certa: é a Fatima e a Lúcia fez rissóis.
Operador um.