Clubhouse – palavras estrangeiras, a Teresa, a Kika e o menino mais velho.

O Operandi orgulha-se de informar que criou uma equipa multidisciplinar e dinâmica que faz “briefings” e “meetings”, usou um bom “budget” para criar um “buzz marketing” e vários “contents” para um “call to action” dentro de um “lead time” aceitável para criar um “following” gerado através do “networking” para explorar a rede social que todos falam: Clubhouse.

(ufa!)

Infelizmente, devido à forte dedicação dos nossos operadores nesta investida houve danos, que os estudos indicam, serão para a vida toda, sobretudo a incapacidade de verbalizar “criação de conteúdo” e substituindo por “Content creation”. Por isso, aproveita-se esta ocasião para lamentar o sucedido com todos os operadores envolvidos, mas, no entanto, felicitar o excelente trabalho.

Criado em 1995, o mIRC tinha a finalidade principal de ser um programa chat onde era possível conversar com milhões de pessoas de diferentes partes do mundo. Eram criadas várias salas virtuais, com os mais diversos temas, com um ou mais moderadores de salas que tinham poderes altamente sofisticados de clicar num botão e expulsar pessoas, havia alcunhas e biografias e até podiam criar conversas privadas para duas ou mais pessoas.

Ora…. O Clubhouse é tipo isso, mas com voz e só para Iphone.

O primeiro esbarro é que como ainda se está em migração de pessoas de umas redes sociais para outras e a coisa ainda anda a marinar, verifica-se também que, por falta de rótulos cria-se a necessidade de aprovação com frases:

– Somos apartidários, não somos homofóbicos, somos inclusivos, não somos racistas, mas…

Outra característica que se assiste à superfície nos primeiros dias de investigação no terreno é a explosão de salas de criativos. E entenda-se por criativos, não necessariamente pessoas que criam, mas pessoas que acham que criam.

Salas com designers a sério e outros a fingir, pintores, escultores (os músicos e pessoas que parece que percebem fica para outro paragrafo) e aqueles que discursam mais de dez minutos a teoria das cores e como o país ainda não lhes deu oportunidade de brilhar.

Como consequência há toda uma frase lambe-cus:

– olha sabes? Este país é demasiado pequeno para ti.

Estudos mostram que a palavra mais utilizada nesta rede social é “fantástica” e há mesmo quem suba a palco só para dizer que esta nova forma de comunicar é fantástica ou como se diz em inglês… Isto é amazing para caraças!

Tentar participar nestas salas é semelhante a uma aventura na floresta negra, se existe o azar de dizer que se pertence ao mundo corporativo… ui… lá se vai a inclusão.

Os especialistas em tudo têm nesta nova rede social uma nova forma de se revelarem. Como o Operandi já revelou, estes especialistas têm longos minutos e segundos de Youtube e livros motivacionais que lhes permite ter opinião sobre tudo.

E é aqui que entra o marketing.

Longas salas de pessoas que gerem a conta de Instagram do macramé da mãe que se dotam de todos os conhecimentos vindos de sítios incríveis. É que metem a Starbucks num bolso!

Passados a casos práticos, operadores verificaram numa sala uma bela menina que com várias opiniões em diferentes assuntos, mas com um enfase enorme no excelente trabalho que faz na área de marketing e que mesmo em tenra idade toda ela se sente na necessidade de ensinar. E se por acaso quem ouve pensa que não precisa de ouvir, engana-se.

O Operandi que é um projeto embrionário e gosta de se prover com opiniões válidas e impressionados com tamanho conhecimento questiona a bela menina – vamos lhe chamar Teresa – como faz e se a sua área de formação académica a ajudou neste longo percurso de… aí uns três ou quatro anos no máximo.

– Eu tirei Biologia, mas fiz umas formações e leio muitos livros e por isso sei.

Tudo pareceu comédia absurda até que esmiuçando ouvimos que a Teresa vive, segundo as palavras da própria, “numa zona de gente de bem” e detesta pessoas que fumam porque o vizinho dela fuma na casa dele e ela sente o cheiro no seu magnifico apartamento no sétimo andar que é o andar dos proprietários porque os outros andares têm muita gente que aluga e já não é a mesma coisa.

A Teresa é uma menina culta.

E passamos aos “músicos”:

Salas intermináveis de jovens talentos à procura de palco e seguidores nesta nova rede onde, segundo os mesmos, os vai catapultar para o sucesso por jovens mais velhos aficionados pela música que “porque o país é pequeno” no seu tempo não conseguiram, mas irão certamente ajudar.

Os operadores assistiram a uma menina munida de um talento ao nível da galáxia – vamos chamar-lhe Francisca, mas para os amigos é a Kika – a cantar o “Playback” num ritmo muito muito muito muito lento (porque é mais conceptual, estão a ver?).

Ui e que bem que ela cantou.

Kika, o teu talento é “amazing” – diz o menino mais velho.

A Kika fica sempre muito contente e gosta de ir dizer a toda a comunidade do Clubhouse, o quanto for possível como lhe correu a sua performance e como está orgulhosa.

O menino mais velho acompanha este entusiasmado e às vezes até se esquece de desligar o micro onde, completamente sem querer, mas mesmo sem querer – os operadores viram que não foi de propósito – está a tocar acordes na sua guitarra. Tão belo!

– Oh desculpem, nem vi que isto estava ligado. – diz o menino mais velho.

Há relatórios de pessoas que já passaram trinta e duas horas on-line a uma segunda feira, mas isso requer um segundo dispositivo que permita estar em mais que uma sala e a capacidade de somar.

Quem tinha problemas cognitivos nas redes sociais da concorrência, de repente não fica curado. Continuam estúpidos!

Quem gritava e fazia comentários ácidos nas noticias do Correio da Manhã, também está no Clubhouse.

Daí que o Operandi aconselha a não terem uma esperança excessiva num mundo melhor e tal e imagens campos de malmequeres, porque não, isso não acontece.

Não deixa de ser uma companhia.

No meio das Teresas e Kikas, meninos mais velhos e aficionados de signos, músicos que não são e aqueles que até são, há entretenimento.

Naquele reboliço de confettis e avançados, sente-se o convívio, os desabafos, as conversas sem sentido e até aquelas cheias de sentido. No Clubhouse podem até encontrar receitas e como as fazer, podem encontrar paixões e desejos em salas só para isso, fazer joguinhos, cantar, gritar…

Tem tudo e um par de botas.

Com isto tudo, até há poesia… diz-se poesia!

Os operadores vão manter-se a ver no que dá!

Operador um.

E operadores em investigação.

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *